A dor que não aparece no currículo: queda de renda e a urgência da autoridade profissional.
- Ana Julia Almeida
- 15 de mai.
- 2 min de leitura
Um dos casos mais emblemáticos é o da classe médica. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo publicada em 24 de abril de 2024, com base em dados do IBGE, o número de médicos no país cresceu 54,5% nos últimos dez anos, mas a renda média da categoria caiu 26%. Em outras palavras, há mais profissionais, mais trabalho, mais demanda e, paradoxalmente, menos retorno financeiro.
Esse cenário não é uma exceção, mas sim um retrato do que está acontecendo em várias outras profissões. Professores, consultores, freelancers, designers, engenheiros, profissionais de marketing e de RH enfrentam uma lógica parecida: são preparados, entregam muito, mas têm dificuldades em sustentar sua valorização em um mercado saturado, barulhento e cada vez mais nivelado por baixo.
Não estou falando daquela autoridade baseada em títulos, tempo de casa ou acúmulo de certificações. Falo da autoridade que nasce do posicionamento claro, da comunicação eficaz, da presença que inspira confiança e da capacidade de sustentar uma proposta de valor percebida como diferenciada.
Muitos ainda confundem autoridade com vaidade. Acham que se posicionar é arrogância, que mostrar o próprio trabalho é exposição excessiva, e que marketing pessoal é uma prática vazia. Mas autoridade, quando construída com consistência, é um recurso estratégico. Ela reduz o caminho entre a sua entrega e o valor que você recebe por ela. É o que faz um profissional ser reconhecido como referência, em vez de se perder entre milhares de currículos ou perfis idênticos.
Construir autoridade não é sobre gritar mais alto ou seguir fórmulas de engajamento. É sobre coerência, clareza e entrega. É sobre transformar presença em percepção de valor. E, sim, isso impacta diretamente na sua renda. Quando você é percebido como alguém que resolve, que entrega, que tem domínio do que faz, seu preço sobe, porque seu valor se torna inegociável.
É claro que isso parece mais difícil quando se está passando por uma fase de desvalorização. Quando parece que ninguém vê você, ou pior, que enxergam, mas não reconhecem. Mas é justamente nesse momento que a construção da sua autoridade se torna mais urgente. Porque quanto mais o mercado aperta, mais você precisa se diferenciar e não se esconder.
A autoridade não resolve todos os problemas, mas ela abre portas que hoje estão fechadas. Ela te permite negociar melhor, cobrar com mais firmeza, converter com mais naturalidade. E o mais importante: ela torna seu valor visível em um mercado que ainda insiste em olhar apenas para o preço.
Enquanto profissionais qualificados continuarem sendo mal remunerados, a autoridade será, ao mesmo tempo, um diferencial competitivo e uma forma legítima de reparação. Porque quem tem autoridade, não implora por espaço, ocupa. Quem tem autoridade, não justifica seu preço, sustenta. E quem tem autoridade, não é só lembrado, é procurado.
Essa é a hora de virar o jogo. Não com desespero, mas com estratégia, com posicionamento e com a coragem de assumir o protagonismo sobre a própria história.
Se quiser ajuda para começar, estou por aqui!
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