Por que sua autoridade está afundando sem nem ter zarpado?
- Ana Julia Almeida
- 24 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de mai.
Você ainda tá esperando o LinkedIn te reconhecer como autoridade, mesmo repetindo os mesmos truques de sempre? Desculpa o choque, mas a sua marca pessoal não tá naufragando à toa, ela nunca saiu do cais.
Tá tudo ali: postagens frequentes, frases de efeito, carrosséis bonitinhos, engajamento razoável. E mesmo assim...nada. A autoridade não se firma. Os leads não chegam. O respeito não cola. É como usar uniforme de capitão num barco imaginário.
Identidade não é estética. É estrutura.
O problema da sua autoridade não é falta de esforço, é falta de clareza. Você quer ser referência? Então pare de pintar o casco do navio enquanto o fundo tá furado. Sem clareza de posicionamento, tudo que você faz vira barulho, não presença. E como diz Ana Couto, presença sem coerência é só ruído performático.
Você não é ignorado porque não posta. Você é ignorado porque ninguém sabe quem está postando. Não existe autoridade onde não há identidade.
Branding não é batom. É espelho.
A maioria das pessoas tá tentando construir autoridade como quem monta avatar no The Sims: um pouquinho de storytelling, um pouco de Canva, uma pitada de frases de efeito roubadas de um guru gringo… e voilá: “olhem pra mim!”. Mas autoridade não se fabrica. Ela se reconhece.
E o que não é reconhecível, é descartável.
Como dizia Goffman, tudo é performance. Mas até no teatro tem roteiro, direção, propósito. Já você está performando no improviso, com falas emprestadas de influenciadores que nem sabem da sua existência. Seu personagem é frágil. Sua presença, difusa. Seu público, confuso.
Byung-Chul Han já alertava: excesso de exposição mata o conteúdo. E você? Tá se mostrando tanto que esqueceu de construir substância. Tá postando tanto que seu feed parece um currículo ansioso, e não uma narrativa coerente.
Você está tentando ser amado, não seguido.
A raiz da sua estratégia não é posicionamento, é carência. Você posta querendo like como quem pede abraço. E aí, a cada não curtida, a autoestima dá um passinho pra trás. Como Winnicott apontaria, você construiu um falso self digital, aquele perfil que agrada, mas não representa.
É aquela história: todo mundo quer a autoridade do Mandela, mas não aguenta a solidão da cela. Quer ser referência, mas foge da responsabilidade de sustentar um ponto de vista impopular. Quer a audiência, mas não quer a autenticidade.
Então, você se pasteuriza. Vira marca genérica. E autoridade genérica não vende. Só enfeita feed.
Autoridade começa onde a covardia termina.
Ser autoridade é ser presença clara num mar de vozes inseguras. É sair do copy paste de ideias alheias e construir discurso com voz própria. É saber que, às vezes, você vai destoar, e tudo bem. Porque o coral pode ser bonito, mas só o solo emociona.
Você está se repetindo porque tem medo de destoar. E esse medo, se não for vencido, vai continuar te mantendo no cais enquanto outros, menos preparados mas mais autênticos, já estão navegando.
Resumo para o inconformado esperto:
- Você não tem falta de conteúdo, tem excesso de ruído.
- Sua autoridade não afundou. Ela nem foi construída.
- Clareza é mais importante que frequência.
- A estética não segura o barco. A estratégia sim.
- Autoridade não grita. Ela é percebida.
Quer autoridade? Então sustente um ponto de vista.
E se você ainda está se perguntando por que o LinkedIn não te leva a sério, talvez a pergunta real seja: você se leva?
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